29.5.06

O Código da Vinci

Ví e gostei. Confesso que demorei um pouco. Mas finalmente fui ver o filme baseado no livro do Dan Brown. E gostei. Gostei bastante, até. Apesar da mídia ter reclamado que o filme só é bom na primeira hora. Como costumo fazer, esqueci do que a mídia falou na hora em que estava no cinema. E deixei o filme contar a história no ritmo em que o diretor Ron Howard dirigiu. E acho que, para essa história toda, com toda a polêmica, vale um velho ditado italiano : "se non è vero, è ben trovatto". Se não é verdade, é muito bem pensado, muito bem criado. Uma coisa é certa: o papel das mulheres na vida de Cristo não deve ter sido tão pequena quanto a Igreja Católica vem tentando nos "aplicar" ao longo de toda a história do Cristianismo. Ou a gente esquece o quanto somos machistas? Ou será que é possível pensar que, naquela época, os homens não eram dominadores? Mas, como sempre, o papel das mulheres nunca é tão pequeno quanto os Evangelhos mostram. E onde mesmo estará enterrada Maria Madalena? E, principalmente, onde estrá o corpo de Nossa Senhora? Quantos Evangelhos apócrifos precisaremos encontrar para que a história de Cristo (com divindade ou como simples ser humano dotado de profunda espiritualidade) seja contada com detalhes mais próximos da realidade?

26.5.06

Segurança e Incompetência

Na coluna do Arthur Dapieve hoje, no Jornal O Globo: "A solução encontrada por Executivo e Judiciário para evitar que detentos liguem de celulares de dentro de meia dúzia de presídios paulistas é exemplar do "modus inoperandi" do Estado Brasileiro: pela incapacidade de fazer o seu trabalho, impedindo que o aparelho chegue as mãos do bandido, condena-se ao silêncio o cidadão honesto das cidades em volta das celas. O Brasil ainda é um país democrático somente da eleição para fora".

22.5.06

Poeminha Besta

(Levemente inspirado nesse desenho do Google!) Passos. "Siga meus passos. Ou eu vou seguir os seus. Procure por mim. Ou eu vou procurar por você. Encontre o sentido da vida. Ou escuridão vai achar você."

19.5.06

Morte no Everest

Vítor Negrete & Rodrigo Raineri. O Everest. (Fotos Rodrigo Raineri) Morre o alpinista Vítor Negrete. Ele morreu na descida do cume do Monte Everest, que fica a 8850 metros de altitude. Subiu sozinho, conquistou o cume pela segunda vez (foi o primeiro brasileiro a conquistar a montanha sem oxigênio suplementar) e, na descida, não resitiu ao imenso esforço e acabou morrendo depois de ter sido levado para o acampamento 3, a 550 metros do ponto mais alto do Everest. O companheiro dele, Rodrigo Raineri, que sentiu uma forte dor de garganta na semana não estava junto. Mas vai fazer um novo ataque ao cume ainda antes do fim de semana. Na volta, pretende enterrar o corpo de Negrete. O Everest faz parte da imaginação e sonho de boa parte de pessoas que gostam de aventuras. Poucos têm a chance de tentar. Mas isso não impede de que nos imaginemos lá no alto, exaustos mas felizes. Como também muita gente já sonhou em ser astronauta ou mergulhador de profundidade. Vítor Negrete conquistou o Everest duas vezes. Infelizmente, não vai ter uma terceira chance. É assim a vida. Morre Negrete enquanto um outro alpinista comemora. O sherpa (nativo da região do Nepal) Apa, de 46 anos, guia que acompanha os alpinistas bateu um recorde no mesmo dia. Chegou ao cume do Monte Everest pela 16a. vez. O guia chegou ao alto da montanha pela rota sul acompanhando uma expedição americana e outros dois montanheiros nepaleses.

18.5.06

O Pessimismo na América Latina

"'Foi produzido, deste modo, o agravamento de um fenômeno que temos destacado reiteradas vezes nesta coluna: a delinqüência não só afronta a sociedade civil como se propõe a disputar, com o Estado, o controle territorial e social. Há que se ter em conta que no Brasil e em muitos outros países, extensas regiões povoadas estão submetidas ao poder de organizações criminosas que controlam territórios, empregam pessoas, oferecem proteção social e segurança.'" "O comentário é de Ricardo Kirschbaum, diretor de redação do argentino El Clarín. Refere-se a São Paulo especificamente. Nada de original. Mas refere-se, também, às semelhanças entre seu país e o nosso." Pedro Doria, lá no No Mínimo.

17.5.06

História e Memória

Eduardo Galeano, escritor uruguaio A história de um país que quer existir "A tragédia se repete, girando como um peão: há cinco séculos, a fabulosa riqueza da Bolívia amaldiçoa os bolivianos, que são os pobres mais pobres da América do Sul. “A Bolívia não existe”: não existe para seus filhos." A análise é do escritor uruguaio Eduardo Galeano e está na Agência Carta Maior. Galeano é um excelente escritor. É autor de um dos maiores clássicos da literatura (engajada?)As Veias Abertas da América Latina, que era livro obrigatório debaixo do braço de milhares de pessoas durante os governos militares do nosso continente. A abordagem história que ele faz nessa crônica publicada pela Carta Capital é perfeita. Como perfeito é o título: História e Memória. Mas acho que faltou uma "atualização" da História. Esse episódio da crise aberta com o Brasil explica a reação do povo boliviano realmente na defesa das reservas de gás do país ou o povo foi manipulado pelo presidente Evo Morales que seguiu a risca as regras ditadas por Hugo Chaves, o novo candidato a Fidel Castro? Que a Bolívia realmente é um país com direito a autodeterminação, nem se discute. Que a Bolívia tem direito a cobrar um preço justo pelas reservas minerais e de gás, também é correto. Que a Petrobrás investiu muito na Bolívia possivelmente com a intenção de pagar um preço irrisório pelo gás, também é verdade. Aumentar o preço do gás, era mais do que direito. Agora será que o Evo Morales se elegeu para realmente fazer o país trocar a produção marginalizada, ilegal, da coca pelo direito ao desenvolvimento mais humanitário ou ele vai apenas servir de "escada" para que Hugo Chaves se torne o líder da América Latina e se perpetue no poder? Eu esperava que Eduardo Galeano, de quem sou fã de carteirinha e que não cita a Petrobrás e nem o Brasil na crônica, pelo menos "atualizasse" seus conceitos sobre o direito de autonomia da Bolívia ou a essa independência atrelada a Venezuela em que Evo Morales se meteu. Esperava mais, Galeano. Esperava mais.

Post-It

"SE VOCÊ NÃO ESTÁ CONFUSO, ESTÁ MAL INFORMADO." Vi essa frase no Blog da Tássia, De Improviso e "adquiri!". Achei fantástica. É exatamente assim que me sinto no fim do dia, depois de ler e ver milhões de notícias nos jornais, nas emissoras de TV, na Internet, nas revistas, nos livros... Se a informação é a moeda mais cara nesse início de Século XXi, é também a que nos deixa mais confusos, mais perdidos, loucos para encontrar uma luz no fim do túnel que nos leve ao entendimento do que consumível, aproveitável, realmente informativo do que é desprezível, lixo, spam. Como ser jornalista e não estar bem informado? E o que é estar bem informado num mundo em que as "notícias" são publicadas com velocidade supersônica nos sites de informação da Internet? Quem souber a resposta, me ensine, por favor.

16.5.06

Sangue em São Paulo

A Cruz e a Espada: Entre enfrentar os terroristas urbanos, caçar os traficantes, encontrar os bandidos que fizeram São Paulo se transformar numa Bagdá durante três dias, o governador do estado, Cláudio Lembo, preferiu negociar. Com os bandidos! O governador negou a ajuda da Força de Segurança, ignorou a oferta do Exército de botar a tropa nas ruas e, incrível, sucumbiu a pressão dos bandidos. Está em todos os jornais: o governo de São Paulo negociou com o líder dos bandidos o fim da onda de violência. Veja no Estadão e na Folha de São Paulo. Enquanto isso, os bandidos vão continuar armados e prontos para novos confrontos. E os policiais vão continuar ganhando baixos salários, enfrentando com armas menos sofisticadas e de menor calibre os bandidos nas ruas e tendo de morar em barracos na periferia numa relação muitas vezes promíscua com a bandidagem. Esse é um exemplo claro de como agem nossos governantes. Em vez de enfrentar o problema de frente, preferem sempre fazer acordos escusos e sempre com gente que pode se beneficar desses acertos que não interessam a maioria da população. Agora o pior, o pior mesmo, é que os bandidos querem eleger dois deputados federais em outubro. Não acreditam? Leiam aqui. Fontes: O Estado de São Paulo & Folha de São Paulo.

15.5.06

A Guerra em São Paulo

Assustado como todos os brasileiros com a bárbarie que o tráfico faz em São Paulo, faço minhas as palavras do Blog do Moreno no O Globo. A Última Esperança "Como a maioria do povo brasileiro, sei que só a democracia resolve. O instrumento maior do cidadão é o voto. O voto nulo é a negação da democracia, é a negação da esperança. Mas se o Lula e o Alckmin começarem a usar eleitoralmente, como parece, este momento delicado da investida do crime organizado sobre a população, irei pras ruas defender o voto nulo ou pelo menos a retirada de cena de políticos oportunistas, desumanos, demagogos e indecentes! Não acredito que os dois tenham a coragem de tripudiar sobre a população estarrecida. Não é possível que o façam. Se eles que se propõem a construir um país de paz social não derem o exemplo nesta hora, nada mais será possível. Estaremos numa guerra sem fim." No Alvo! “Nossas polícias estão desequipadas para enfrentar o armamento pesado do crime organizado. Enquanto o crime se organizou nos últimos 10 anos, não houve a mesma ação por parte do Estado. Por isso a população está perdendo hoje essa guerra contra a criminalidade”. Bene Barbosa, presidente do Movimento Viva Brasil.

14.5.06

Dia das Mães

Olha o Google. De novo! Happy Mother´s Day aparece quando você passa o mouse sobre o título. Viva o Google!

Chico Buarque - Carioca

O disco ainda não é exatamente o que eu esperava depois que o Chico ficou 8 anos sem lançar um disco com músicas inéditas. Talvez eu ainda fique esperando aquelas músicas com letras maravilhosas contestando o regime militar ou ainda as canções em que ele fala para as mulheres na primeira pessoa, no feminino. Mas é um disco ótimo de se ouvir. E não adianta. Ainda que fique distante da expectativa, Chico é Chico. E os outros (quase todos os outros) estão milênios atrás.

13.5.06

Pandorga, Papagaio, Pipa.

Terminei de ler O Caçador de Pipas, do Khaled Hosseini. Ainda que o final force um pouco a barra, a solução me pareceu correta. E as brincadeiras com pandorgas, como chamamos no Rio Grande do Sul, me fez voltar um pouco a minha infância. Eu sempre tive um pouco de dificuldade de manter as minhas pipas muito tempo no ar. E lá Granja Mangueira (a 70 quilometros do Chuí, na fronteira do Brasil com o Uruguai) éramos proibidos de usar cerol(cerol cortante é a mistura de cola com vidro moído que algumas pessoas passam na linha da pipa para cortar a pipa de outras pessoas). Então derrubar as pandorgas uns dos outros era uma tarefa ainda mais difícil. Normalmente se enroscavam e caíam as duas que lutavam pela supremacia no ar. Área de campanha, descampado, o vento soprava muito forte no inverno e se não tivéssemos armado direitinho o papel, a cola e as varetas, era muito provável que nem precisasse de briga no ar: as pandorgas caíam sozinhas. Mas não lembro de existir a figura do caçador de pipas para exibir as que caíam como troféus. Quem corria atrás eram sempre os meninos mais pobres. Era bonito ver o céu da minha infância colorido pelas pipas. Hoje, nas favelas do Rio e de São Paulo, as pandorgas perderam um pouco da inocência infantil e estão servindo de sinalização para o tráfico de drogas. Uma cor para cada situação. Os meninos perdem a infância e a infância vai perdendo suas referência. Brincar com as pipas? Uma arma pode ser mais interessante! Ainda recordo uma música que ouvia quando era um guri de calças curtas e tamancos no sul do Rio Grande do Sul. Pandorga, Papagaio, Pipa Pandorga, papagaio, pipa Para o menino empinar Um pouco de papel de seda Um bom carretel de linha Para o menino esticar Pandorga, Papagaio, pipa Para o menino empinar Com as fibras do meu peito Minha linha vou tecer Com as cores do meu sonho Minha pipa vou erguer (Armando Cavalcanti)

11.5.06

O Inferno dos Jornalistas

Minha amiga Dênis Rivera me passou o endereço do Blog Periodista Digital. Lá tem um filme que é um comercial do jornal Ultimas Noticias (da Espanha, sem acentos!) e que mostra o inferno dos jornalistas e suas várias salas. Vale a pena ver. Ainda que, pretensa e imodestamente, os jornalistas do Ultimas Noticias se julguem acima do bem e do mal. Clique aqui para ver o vídeo.

10.5.06

Cuidado com a Ambulância

Agora é assim: Toda vez que você ouvir um deputado anunciando que conseguiu ambulância para alguma cidade do interior já sabe: a maioria dos senhores parlamentares (170 deputados federais, um terço da Câmara Federal do Brasil) cobra propina de 15% a 20% para que as ambulâncias cheguem às prefeituras. Lembra até daquela personagem da Kate Lyra no programa Viva o Gordo: Brasileiro é tão bonzinho! (Obrigado, Marco Aurélio!)

9.5.06

Leitura Atual

O Caçador de Pipas - Khaled Hosseini Para não perder muito tempo e continuar a ler o livro que é ótimo, deixo a resenha feita lá no site do Submarino. "O caçador de pipas, livro que já vendeu mais de 2 milhões de exemplares só nos EUA, está sendo considerado o maior sucesso da literatura mundial dos últimos tempos. Este romance conta a história da amizade de Amir e Hassan, dois meninos quase da mesma idade, que vivem vidas muito diferentes no Afeganistão da década de 1970. Amir é rico e bem-nascido, um pouco covarde, e sempre em busca da aprovação de seu próprio pai. Hassan, que não sabe ler nem escrever, é conhecido por coragem e bondade. Os dois, no entanto, são loucos por histórias antigas de grandes guerreiros, filmes de caubói americanos e pipas. E é justamente durante um campeonato de pipas, no inverno de 1975, que Hassan dá a Amir a chance de ser um grande homem, mas ele não enxerga sua redenção. Após desperdiçar a última chance, Amir vai para os Estados Unidos, fugindo da invasão soviética ao Afeganistão, mas vinte anos depois Hassan e a pipa azul o fazem voltar à sua terra natal para acertar contas com o passado." "Esta é uma daquelas histórias inesquecíveis, que permanecem na nossa memória por anos a fio. Por muito tempo, tudo o que eu li me pareceu sem graça. Todos os grandes temas da literatura e da vida são o material com que é tecido esse romance extraordinário: amor, honra, culpa, medo, redenção." - Isabel Allende.

8.5.06

Silvio Pereira Canta Tango

Demorou. Mas finalmente o menino reagiu. Tiraram do Sílvio Pereira o brinquedinho de R$ 74 mil que ele ganhou da GDK e o ex-secretário-geral do PT, finalmente, resolveu abrir o bico. A meta do Valerioduto era arrecadar R$ 1 bilhão. Para que e para quem? Não seria só para a campanha de reeleição. Isso não dá para engolir. Se o PT - e não a GDK - tivesse dado o brinquedinho que o Sílvio tanto queria, certamente ele teria ficado calado. Custou caro esse Land Rover Defender SW-90, ano 2003. Um carro 4X4 ótimo para a lama em que o PT se meteu.

Lula Chaves

Não gosto muito de falar em política aqui neste blog. Até porque não gosto que ele fique cheirando mal. Mas não há como ficar imune ao abraço de urso que o Hugo Chaves deu em Lula. O operário que tinha tudo para ser um grande presidente, um líder do continente sul americano (e que queria desesperadamente ser o principal ponto cardeal da América Latina!) de repente, levou um a zero do Hugo Chaves. Junto com o fantoche(o adjetivo é da Revista Veja e eu gostei muito!) Evo Morales, Chaves ajudou a nacionalizar as reservas de gás e petróleo da Bolívia, mandou aumentar o preço do gás para o único real comprador da América do Sul(o Brasil), foi para a reunião no Paraguai como principal assessor de Morales (a Venezuela não tinha nada a ver com a reunião, porque não vende gás e nem petróleo ao Brasil ou a Argentina) e ainda instruiu o governo boliviano a desapropriar terras de brasileiros que investiram na agricultura lá na Bolívia. E pensar que Lula tem uma grande, uma imensa chance de ser reeleito. Mas ainda resta uma saída para Lula: ser um grande líder na ... África. Não é lá que ele acredita estarem os grandes parceiros econômicos do Brasil? Meu Deus do céu...

4.5.06

Chet Baker

Trilha Sonora da Quinta-Feira a tarde.

3.5.06

Van Gogh

O túmulo e o quadro. Nesse túmulo, uma cova rasa no Cemitério de Auvers-Sur-Oise, na França, está enterrado o corpo de Vincent Van Gogh, ao lado do irmão e protetor, Théo. Van Gogh, gênio só reconhecido depois de morto, vendeu apenas um quadro enquanto estava vivo. Agora, faz algumas pessoas milionárias com a venda de seus quadros. A notícia é da Agência Efe, da Espanha. "Um retrato de Vincent Van Gogh foi vendido nesta quarta-feira por US$ 40,3 milhões, em um leilão de arte moderna e impressionista da casa Christie's, em Nova York (EUA). A tela de Van Gogh, "L'Arlésienne, Madame Ginoux" (1890), foi adquirida por um colecionador anônimo. O preço foi atingido numa disputa que começou em US$ 26 milhões. O retrato pertencia à coleção da família Bakwin e era avaliado pelos especialistas da Christie's em US$ 40 a 50 milhões. A pintura é a mais importante de uma série de cinco óleos do pintor holandês, de fevereiro de 1890. Foi uma homenagem a seu amigo e colaborador Paul Gauguin, a quem não via mais desde que havia sido internado num asilo." A retratada, Madame Marie Ginoux, era a proprietária de um café freqüentado pelos dois artistas. Ela aparece sentada, com a cabeça apoiada numa das mãos, com livros sobre a mesa. Entre eles está "Contos do Natal", de Charles Dickens."

1.5.06

Crônica de Ivete Brandalise

Pôr do sol no Rio Guaíba, Porto Alegre (Foto by Nádia Raupp Meucci) Pois procurei. Procurei e, finalmente, encontrei uma das crônicas de Ivete Brandalise. Está na página do Guia de Produção Teatral da PUC de Porto Alegre. Vale a pena ler. Dia de Agradecer Ivete Brandalise Obrigada por esse céu que se fez azul depois de tanta tempestade. Obrigada pela tempestade que me fez sonhar e desejar e descobrir o azul do céu. Obrigada pelo horizonte que meus olhos não alcançam, embora o concreto tente limitar meu mundo. Obrigada pelas frestas que ainda existem e que me deixam encontrar o céu, saber das nuvens, navegar pela mansidão do Guaíba, percorrendo ilhas e pontes, me perdendo e me achando em espaços indefinidos. Obrigada pela primavera que aconteceu em mim, pelas flores que brotaram na noite e se ofereceram regadas de orvalho na manhã. Obrigada pela manhã que veio luminosa. Obrigada pela noite que veio banhada de lua. Obrigada pelas estrelas que passearam por meus olhos. Obrigada pelos olhos que ainda se deixam salpicar de estrelas. Obrigada pelo riso, que ainda povoa minha vida. Obrigada pelos encantamentos que eu ainda encontro no riso fácil dos meus anjos loiros. Obrigada pelos anjos que fazem a minha poesia, as minhas canções, a minha alegria, o meu amor, até as minhas apreensões. Obrigada pelo amor que ainda existe em mim e me faz reviver na possibilidade de entrega. Obrigada pela ternura que a criança ainda sente num beijo meu. Obrigada pelas saudades que eu tenho, pelo bem-querer que não morreu. Obrigada pelo meu trabalho, pelo meu dia, pela minha noite, pelo meu ontem, pelo meu amanhã. Obrigada pelo alimento, pelo abrigo, pela vida, pelo amigo. Mas não agradeço o amigo que não tive, muito menos o amigo que partiu. Não agradeço a fome, o ódio, a guerra. Não agradeço a solidão. Não posso agradecer o sofrimento, o desamparo, o desemprego. Não posso agradecer as injustiças. Não posso agradecer a angústia, as tensões, a poluição. Não posso agradecer as perdas, os desencontros, os desencantos. Perco o jeito de agradecer quando encontro criança perdida na noite e me calo e me omito e deixo que ela se encolha na porta de um edifício e cubra seu frio com os jornais, e cubra sua miséria com o meu descaso e cubra sua infância sofrida com sonhos de um tempo melhor. Perco o jeito de agradecer quando vejo a flor murchando nas mãos magras e sujas da criança esmoleira. Perco o jeito de agradecer quando vejo que as cores não pertencem a todas as crianças, as flores não brotam para toda a gente, o dia é luminoso para muito poucos. E perco o jeito de agradecer quando descubro que o "obrigada" deve vir no singular, que o amor, a ternura, o alimento, a alegria não existem para todo mundo. Perco o jeito de agradecer quando me sinto culpada de agradecer.

Brecht, Brecht!!!

Brecht e a solução encontrada pelo Little Baby. Essa é boa! O little baby recebe R$ 650 mil de empresas fantasmas para uma pré-campanha. Descobre-se que essas empresas (e outras) receberam mais de R$ 122 milhões do Estado do Rio de Janeiro por prestação de serviços ainda não muito bem explicados. E o tal little cry baby resolve fazer greve de fome para pedir tratamento igual ao de outros candidatos e quer que a OEA fiscalize as eleições presidenciais no Brasil. Deixa eu ver se entendi... Ele quer que a imprensa fique caladinha, arquive as investigações sobre recebimento ilegal de campanha (seremos obrigados também a esquecer toda a confusão envolvendo o PT?) e deixe a situação correr frouxa para todos os candidatos? Igualdade de tratamento é isso mesmo? O problema é que toda a vez que a gente lembra que política é um lixo, temos também que lembrar rapidamente na poesia de Bertold Brecht: O Analfabeto Político "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, o pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."