
Boa a discussão envolvendo uma crônica de Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP e o apresentador e editor-chefe do Jornal nacional Willian Bonner.
Lalo acompanhou a produção do JN durante três horas. Foi como convidado.
Ao que parece, um convidado tão educado que ouviu e não contestou na hora, as conciderações que ouviu de Willian Bonner.
Preferiu escrever uma crônica na Revista Carta Capital.
Preferiu criar uma polêmica pela imprensa.
O professor considera absolutamente condenável que o editor-chefe do JN tenha identificado o telespectador médio do JN como Hommer, o trabalhador e pai de família da série Os Simpsons.
Escreveu o professor:
"...Bonner informa sobre uma pesquisa realizada pela Globo que identificou o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional. Constatou-se que ele tem muita dificuldade para entender notícias complexas e pouca familiaridade com siglas como BNDES, por exemplo. Na redação, foi apelidado de Homer Simpson. Trata-se do simpático mas obtuso personagem dos Simpsons, uma das séries estadunidenses de maior sucesso na televisão em todo o mundo. Pai da família Simpson, Homer adora ficar no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja. É preguiçoso e tem o raciocínio lento."
Bonner retrucou com propriedade:
"...sempre abordo, por exemplo, a necessidade de sermos rigorosamente claros no que escrevemos para o público. Brasileiros de todos os níveis sociais, dos mais diferentes graus de escolaridade."
"... Neste desafio, como exemplo do que seria o público médio nessa gama imensa, às vezes cito o personagem Lineu, de A Grande Família. Às vezes, Homer, de Os Simpsons.
Nos dois casos, refiro-me a pais de família, trabalhadores, protetores, conservadores, sem curso superior, que assistem à TV depois da jornada de trabalho. No fim do dia, cansados, querem se informar sobre os fatos mais relevantes do dia de maneira clara e objetiva. Este é o Homer de que falo."
"...o Professor Laurindo tem uma visao diferente de Homer. Em vez do trabalhador (numa usina nuclear), o acadêmico o vê como um preguiçoso. Em vez do chefe de família, o Professor Laurindo o vê como um comedor de biscoitos."
Mais uma vez, o confronto entre quem trabalha em telejornalismo e professores universitários. Uns trabalham com pesquisa séria, profunda sobre o que o telespectador quer ver e o que não gosta de assistir.
Mas alguns acadêmicos ainda têm o mesmo discurso de 20/30 anos atrás. Falam como utopistas. E querem que acreditemos que, com uma televisão comercial na mão, agiriam de maneira diferente.
A teoria, na casa dos outros, é ótima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário