31.1.06

Ética da Malandragem

Lúcio Vaz, o autor, começou a carreira comigo. Eu era repórter da TV Tuiuti em Pelotas (hoje RBS Pelotas) e do jornal Zero Hora. Ele começou como fotógrafo e cinegrafista. Fizemos grandes reportagens juntos. Um dia cada um seguiu para um lado. Talentoso, era inevitável que trocasse as máquinas de filmar e fotografar pela caneta. A poesia das fotos e imagens foi substituida a altura pelo texto fino, inteligente e mordaz. Fomos nos reencontrando ao longo da vida, normalmente cobrindo visitas presidenciais nos confins do nordeste. Ele agora está lançando esse livro. Imperdível. Lucio Vaz, 47 anos, passou os últimos 20 anos de sua vida em Brasília, trabalhando basicamente para os jornais Folha de S. Paulo e Correio Braziliense. Suas reportagens - base para o pavoroso relato deste livro - tratam de temas sombrios, revoltantes. Ele escreve que existem dois Congressos: um deles - o oficial, digamos assim - é capaz de fazer uma nova Constituição, aprovar o impeachment de um presidente, lutar contra a ditadura, fazer leis para o país crescer. O outro - subterrâneo, revoltante, criminoso - vende votos, aluga mandatos e legendas, emprega parentes, toma dinheiro de humildes funcionários, exige cargos e verbas do governo federal, assalta empresários (que aceitam as regras deste jogo sujo) e até trafica drogas. Ao final da leitura deste livro, é inevitável um perigoso pensamento: se é assim, para que serve a democracia? Não seria melhor fechar esta Casa corrompida e abjeta? Felizmente, não. Vale a pena apostar que um dia o Congresso oficial prevalecerá.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom seu blog, gostei muito. Cheguei aqui através do blog de um amigo em comum, onde li um comentário seu. Voltarei mais vezes...

Gostaria de convidá-lo a conhecer o meu AZIMUTH. Creio que irá gostar. Se for esse o caso, ficaria feliz com um link entre seus favoritos. Farei o mesmo aqui.

Abraços,

N. Cotrim

Unknown disse...

Concordo com tudo o que vc falou. Penso que um dia olharemos para trás e veremos o quanto melhoramos, evoluimos. Abs.