13.3.06

Mário Quintana - Confissões

Em julho, dia 30, Mário Quintana faria 100 anos. Foi cedo, nosso poeta. Todos os que o vimos trabalhando na redação do Correio do Povo ou andando pela Rua da Praia, no centro de Porto Alegre hão de lembrar sempre daquele velhinho sorridente - e as vezes meio ranzinza, sim! -,que andava olhando para os lados e para cima, para frente e para dentro dele mesmo. Certamente buscando e bebendo a poesia que escrevia em seus cadernos. Foi cedo, nosso poeta. E a Rua da Praia perdeu um pouco do encanto, da sabedoria e daquele jeito de andar: parecia um passarinho que mal tocava o chão. A bengala veio mais tarde, quando a velhice já começa a incomodar. Hoje Quintana deve estar passarinhando pelos céus de quintanares. Poetas deveriam ter uma vida bem mais longa! Quintana, por ele mesmo. "Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. ... Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. ... Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros?" Reflexos, Reflexões ... I Quando a idade dos reflexos, rápidos, inconscientes, cede lugar à idade das reflexões - terá sido a sabedoria que chegou ? Não ! Foi apenas a velhice . II Velhice é quando um dia as moças começam a nos tratar com respeito e os rapazes sem respeito nenhum. III Ora, ora ! não se preocupe com os anos que já faturou : A idade é o menor sintoma de velhice.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ah, Mario Quintana! Admiro muito a sabedoria temperada com simplicidade desse rapaz. Seus textos sao como sacudidelas firmes e, ao mesmo tempo, suaves nos lembrando que a vida eh muito menos complicada e do que parece!

Este eh um trecho que, em especial, me toca muito:

"Não desças os degraus do sonho para não despertar os monstros. Não subas aos sótãos - onde os deuses, por trás das suas máscaras, ocultam o próprio enigma. Não desças, não subas, fica. O mistério está é na tua vida! É um sonho louco este nosso mundo... "

Maravilhoso! E vc, Giacomo, acho que se deixou contagiar por Quintana, fazendo um texto leve como as ideias do poeta. Depois de le-lo, decidi: que Pasargada, que nada! Vou-me embora
eh pra Quintanares!!

bjos!!

Santa disse...

Bela homenagem ao poeta!!!
Beijos