12.8.06

Cuba

(Che Guevara/Fidel Castro) "É o meu destino : hoje devo morrer! Mas não, a força de vontade pode superar tudo! há obstáculos, eu reconheço! não quero sair.... Se tenho que morrer será nesta caverna (...). Morrer, sim, mas crivado de balas, destroçado pelas baionetas Uma recordação mais duradoura do que meu nome É lutar, morrer lutando" Ernesto Guevara de la Serna, janeiro de 1947. Foi uma aventura que começou em Sierra Maestra e acabou com a morte de Che Guevara na Bolívia. Terá Che se mandado de Cuba porque não concordava com a permanência definitiva de Fidel Castro no poder? Até hoje paira a suspeita de que Fidel teria entregue para a CIA o paradeiro de Che na Bolívia porque ele era um mito vivo, um fantasma que assombrava a ditadura de Fidel. Será que um dia Che poderia refazer o caminho por Sierra Maestra para derrubar seu antigo aliado? A História é sempre cheia de perguntas sem respostas. Com o afastamento de Fidel, doente e quase um fantasma de si mesmo, o que vai acontecer com o país que era o sonho de todos os socialistas como um modelo de governo e que acabou numa das mais longas ditaduras? Fidel trocou a biografia de um mito revolucionário por a de um ditador que não conhece a palavra perdão e nunca soube o que era democracia. Qual o papel dele, como ficará lembrado na História? Che Guevara, mais romântico, idealista, sonhador e socialista do que Fidel, parece que realmente queria um mundo melhor, uma América Latina com menos desigualdades sociais. Morreu como guerrilheiro, executado por militares colombianos que foram tão idiotas que não se deram conta de que acabavam de fabricar um mito. Quem é maior? Fidel ou Che Guevara? Com Che morto, fico com a impressão de que sua personagem histórica vai ser sempre maior do que a figura humana que, romanticamente, foi atrás de tentar fazer o mundo girar em torno de ideais de justiça, igualdade, educação e distribuição de renda. Pobre Fidel. Viva Che Guevara! Para entender melhor: 1. Fotografia original de Alberto Korda que deu origem ao poster mais publicado no mundo. 2. Che, uma Biografia, Jon Lee Anderson 3. As Veias Abertas da América Latina, Eduardo Galeano

5 comentários:

Anônimo disse...

É raro te ver no papel de crítico! E que bela crítica! Ainda mais na véspera do aniversário do vivo. Lendo tua crítica fica mais clara ainda, a força da ligação entre os dois: um não seria o que é sem o outro.
Tenha certeza: com a morte de Fidel, Che morrerá um pouco.

Ricardo Rayol disse...

Fidel passará para a história como uma dos mais intolerantes ditadores. Incrível que alguém ainda ache que o socialismo pregado pela extinta URSS vale alguma coisa. Não posso nem devo tirar o mérito histórico de Che Guevara, mas seria ele tão diferente assim de Fidel?

Anônimo disse...

Que vc faça mais textos criticos assim,GIÁCOMO!!!
Grande abraço!!

Giacomo disse...

Ricardo,
Convicções são pessoais.
O Socialismo a que me refiro é o (até agora) utópico. E eu continuo acreditando de que é possível.
Não pensei em URSS. Pensei em sonhos que a gente tem de um mundo mais equilibrado!
Se Che seria diferente de Fidel? SE não fosse diferente, podes ter certeza de que ele estaria ainda em Cuba, compartilhando das benesses da ditadura de Fidel Castro.
Acreditar é preciso!

DO e Denis:vou tentar seguir o conselho de vocês.

Abs./

Anônimo disse...

Realmente, excelente texto. Crítico e belo.Concordo com você em tudo. Uma dica para quem mora ou está em Salvador: o filme Suíte Havana sobre o cotidiano na capital de Cuba. Emocionante. Fala sobre sonhos.