8.8.05

Profissão:Repórter

Recebi um e-mail de Vivian Takahashi, uma jovem e promissora estudante de Comunicação Social sobre as angústias e delícias da profissão. Não sei se ajudei, mas respondi da seguinte maneira: "Realmente essa é uma profissão em que os questionamentos são grandes. Todo santo dia é a mesma coisa! O que a gente está fazendo é o correto? A gente está sendo usado ou usando o meio de comunicação? Estamos promovendo o bem, ajudando as pessoas, servindo de meio para levar um pouco de esperança e paz para as pessoas, procurando fazer um jornalismo social e responsável ou somos apenas funcionários pagos por uma empresa privada cumprindo nossa carga horária da melhor maneira possível, com ética, dignidade e... apenas isso? Como contar uma história? Ele tem que partir do nosso ponto de vista ou partir do ponto de vista de quem queremos mostrar? Se é do nosso, como interferir o menos possível naquela história? Se é do ponto de vista apenas de quem estamos mostrando, o que estamos fazendo ali, então? Acredite, as respostas não são fáceis e nem simples. E nem sempre as temos. Encontrar um equilíbrio é um desafio em cada matéria, em cada história, em cada personagem. A gente as vezes acha que encontrou um ponto certo para contar uma história e... quando a gente vê a matéria, em casa, se dá conta de que poderia ter sido diferente, que faltaram detalhes, que omitimos o mais importante. Por isso é tão fantástico ser repórter. E repórter de TV mais ainda, porque temos que condensar uma história em 1:30". Eu mesmo não saberia fazer outra coisa. E tento, acredite, fazer da melhor maneira possível todos os dias. Sempre diferente e sempre igual. Todas essas situações valem para a passagem( quando o repórter mostra a sua cara na reportagem). É uma assinatura. Acho que é importante ter a marca da gente na matéria. Achar o texto, o momento certo, leva as questões lá de cima. Eu procuro conduzir a matéria pré-editando. Eu sei o que e quanto de uma resposta, de uma história, posso usar. O texto vai sendo alinhavado na cabeça, em forma de rascunho. E aí tento achar o timming para a passagem. E lá vem a mesma coisa: nem sempre terá sido o correto, nem sempre será o melhor momento. Encontrar o equilíbrio vai depender da experiência, da conversa com o cinegrafista, do ambiente, das pessoas... Mas terá de ser sempre de uma maneira que faça parte da história sem parecer que você desceu alí como um ET e vai ter de ser tão natural como se você fizesse parte de tudo. Afinal, é você o contador da história. Talvez as pessoas que estão em casa não a conhecessem se você não estivesse ali para mostrá-la. Mas sem interferir, sem parecer que o repórter é mais importante que a personagem ou a história. Eu sei, eu sei...em vez de ajudar estou provocando mais dúvidas. Mas é assim todo santo dia. E é assim que vai continuar sendo. Aqui, como em todo o lugar, o mercado é difícil. Mas não é fechado. E tenha sempre em mente que quem é competente se estabelece. Pode até demorar um pouco, mas a chance vai aparecer. Tem que acreditar e acreditar mesmo."

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