

Ontem o JN deu uma reportagem que fizemos sobre a seca na região norte da Bahia.
A mátéria foi com 1´:40" ao ar.
E quem viu, não imagina como se faz a produção de uma matéria assim.
Para que ela fosse ao ar e mostrássemos o drama de quem vive no semi-árido, rodamos 2200 quilometros pelo sertão.
Com informações básicas dos órgãos oficiais - Defesa Civil, Prefeituras, Secretarias de Ação Social, a produção traça um roteiro básico e a equipe parte.
O primeiro ponto foi Uauá.
Lá achamos boa parte da reportagem. Mas, principalmente, encontramos Seu Eduardo, 94 anos e Dona Amélia, 84.
São personagens como eles, que há três dias não têm o que comer em casa a não ser café com farinha, que fazem a matéria ficar mais humana.
Rodamos mais ainda. Sempre com um roteiro básico mas sem muita certeza do que vamos encontrar. E as pessoas, sempre com seus dramas pessoais e comuns da tragédia que se repete cada ano, nos recebem e nos contam a vida. E, mais do que eles, vamos nos emocionando.
É sempre importante, nesse tipo de reportagem, que exista uma sintonia afinadíssima entre repórter, Cinegrafista(Carlos Ruvenal) e Assistente(Jorge Passos, Burrico).
Imagens que sensibilizem. Áudio e iluminação que ajudem a mostrar a situação e a realidade como ela é. Tudo isso é importante para que o resultado seja bom.
No distrito de Pau Preto em Juazeiro, com a ajuda da produtora Gisa Ramos da TV São Francisco, encontramos novas pessoas, novas histórias, novos dramas.
Na margem do Rio Salitre, assoreado e praticamente seco, a família de seu Paulino José da Silva nos contou como consegue sobreviver naquela terra árida, que oito meses por ano não produz coisa alguma.
Vivendo de vender pão e recebendo R$ 0,07 (Sete Centavos de Real) para cada pão entregue numa região em que muita gente nem sequer tem o que comer (quanto mais dinheiro para comprar coisa alguma), Paulino tem seis filhos com Alice. E alí, no meio do pó levantado pelo vento do sertão, chega a doer a beleza de uma menina chamada Christiane, de 5 anos. Gêmea de Christina, a menina parece um bichinho do mato. Arredia, encabulada, assustada. Mas quando abre o sorriso...
A seca dói. o drama assusta. Aos visitantes, apenas. Para quem vive lá, a tragédia se repete todo ano. E nunca como farsa.
E o olhar de Christiane vai ficar grudado no meu olhar ainda por um bom tempo.

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